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quinta-feira, 22 de junho de 2017

A Tribuna se reinventa sem abandonar a tradição

Os jornalistas Olavo Pesch, Lucas Sarzi e Rafael Tavares de Mello falam um pouco sobre o modo como o jornalismo é feito e como precisa ser 


A Lamparina visitou na última segunda-feira, 12, a redação do jornal Tribuna do Paraná, no Centro de Curitiba. Os repórteres conversaram com o editor Olavo Pesch e com o também repórter Lucas Sarzi. Um dos pontos centrais da visita foi a necessidade de inovação no Jornalismo. O trabalho na Tribuna ainda guarda partes da tradição do Jornalismo, como as rondas em busca dos acontecimentos da hora e uma estrutura de redação movimentada.  Mas em uma época onde é exigido dos profissionais agilidade e flexibilidade, o jornalista, mais que ninguém, precisa se adaptar e se reinventar. É assim que Lucas enxerga a profissão. “O que você foi ontem, já não vale mais hoje”, diz ele, “é preciso ser melhor que você mesmo”. E é assim que a Tribuna trabalha, se adaptando. Fundada em 1956 pelo jornalista João Féder, já fez parte do Grupo Paulo Pimentel e, atualmente, pertence ao GRPCom (Grupo Paranaense de Comunicação). Mesmo começando como veículo impresso, tem hoje também o jornal digital e até mesmo um aplicativo para smartphone, onde o leitor pode encontrar as informações que mais lhe interessam. Sendo que os temas veiculados pelo jornal são, principalmente, esporte, cidadania, utilidade pública e violência urbana. Os entrevistados falaram sobre os procedimentos de seleção das notícias, métodos de apuração e o funcionamento interno da redação. A equipe da Lamparina separou algumas das informações que ajudam a entender como funciona a redação.

Pauta

A primeira parte do processo de produção da notícia é a pauta, onde o jornalista recebe ou sugere uma diretriz a ser seguida na matéria. Basicamente, é a sugestão do que será apurado e redigido e qual a abordagem que o repórter seguirá. Na Tribuna, não são feitas reuniões regulares de pauta, já que muitas das sugestões de matérias vêm pelas redes sociais ou das rondas, sendo
assuntos quentes, para serem apurados de imediato. Em alguns casos, são encaixadas as chamadas matérias de gaveta, que são temas não tão urgentes e que sempre estão pronos para entrar na edição do jornal. Segundo Sarzi, muitas vezes acontece de o repórter na rua entrar em contato com a edição e, apresentando duas ou três possíveis pautas (que foram descobertas de última hora), perguntar qual deve ser apurada primeiro, para sair no jornal. Após uma rápida deliberação dos editores, onde avaliam qual das pautas é mais importante para a população em geral e para o público alvo (classes B e C), a decisão é passada ao repórter que se mobiliza então para apurar as informações. Sendo o critério decisivo o interesse público.

Apuração 

A apuração consiste em checar as informações nos meios cabíveis. O contato com assessorias é feito por telefone, por exemplo, enquanto um acontecimento imediato relativo a um acidente de trânsito ou um protesto em andamento deve ser apurado pessoalmente, para acessar os fatos diretamente e não por terceiros. Uma vez que os fatos estejam esclarecidos e as informações confirmadas, o repórter retorna à redação do jornal onde acontece a confecção da matéria. Em casos mais urgentes, o repórter se utiliza de meios digitais como smartphone ou tablete e redige a notícia na rua mesmo.

Redação 

 A notícia é formada pelas informações apuradas e passada para o computador. Ela deve ser redigida com linguagem clara e objetiva, visando a compreensão do maior grupo possível de leitores. Sempre seguindo as normas da gramática sem ser enrolada ou cansativa. Nesta fase, acontece o processo de hierarquização das informações, onde o jornalista começa o texto pela informação mais relevante apurada e termina coma que for superficial ou acessória.

Edição e publicação 

O texto passa às mãos do editor, que avalia as condições e devolve ao repórter para eventuais correções. Uma vez que a matéria esteja completa, é separada como sendo da edição impressa ou digital (podendo ser de ambas), e, por fim, publicada.


Seleção Lamparina 


A Lamparina falou também com o diretor de redação da Tribuna, o jornalista Rafael Tavares de Mello. Entre outras coisas, Rafael, que é jornalista há 22 anos, falou sobre a importância de um jornalismo com “o pé na rua” e de trabalhar para trazer o melhor para o leitor, seja usando os meios digitais ou os velhos métodos. Confira abaixo parte dessa entrevista.

Qual foi o maior desafio que você enfrentou como jornalista?
Os desafios sempre mudam, o desafio de antes não é o mesmo desafio de hoje. O maior trabalho era o de garimpar as informações na rua, olhar as pessoas no olho, que é o que está fazendo mais falta no jornalismo atual.

Como fazer pra conseguir uma boa reportagem, uma boa história?
O jornalismo é feito de boas histórias. Hoje, os repórteres estão enclausurados atrás dos computadores e não vão mais na rua, onde as boas histórias estão. A história que você encontra na internet, outro também está pesquisando ou já publicou. Agora, aquela história que você foi até determinado local e conversou com as pessoas, isso é só seu.

O impresso sobrevive ao digital?
Quando falo impresso, falo de tudo que seja palpável, revista, jornal, livro. Eu acho que sim, ele sobrevive por um bom tempo. Quando se trata de veículos puramente informativos, eu acho que o prazo é um pouco mais curto, porque a informação hoje tem uma validade muito mais curta.

O que um jornal impresso precisa pra sobreviver na era digital?
Precisa revisitar o passado, renovar essa maneiras tão clássicas de fazer jornalismo a entrega da notícia hoje é muito mais moderna, isso é inegável e não tem volta. Mas a forma de você caçar isso, de você produzir, essa continua sendo bem clássica. E veículos que conseguirem mesclar informação com formação, notícias factuais com interpretativas, apresentando uma visão diferente daquilo que está na internet, esses terão uma vida mais longa.

O que um jornalista precisa pra ser um bom repórter da Tribuna?
Ter o pé na rua, porque a notícia está na rua.

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