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domingo, 10 de dezembro de 2017

A Teoria da Pixar, desenvolvida por Jon Negroni, demonstra criatividade a ser levada em conta

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Foto: Divulgação.
A Teoria Pixar é uma tese desenvolvida pelo jornalista Jon Negroni que defende que todos os filmes da Pixar estão interligados e se passam no mesmo universo. O jornalista baseia seus argumentos nos chamados easter eggs, nome dado aos segredos escondidos dentro de programas, sites ou filmes, muito recorrentes nas animações da empresa. A teoria de Negroni centraliza o conflito entre homens, animais e inteligência artificial como sendo as peças que ligam os filmes que não contam apenas a própria história, mas ajudam na narrativa de um evento maior.

A linha cronológica de Negroni começa com “Valente” (2012), e a personagem que mais chama atenção é a Bruxa, detentora de uma mágica que supostamente solucionaria os problemas da protagonista Merida. Na animação vemos animais e objetos inanimados se comportando como humanos por influência dessa mágica. A Bruxa de “Valente”, aparentemente desaparece após atravessar portas, fato que será muito importante para dar sentido a teoria. Para o jornalista, os animais se reproduzem e começam a formar uma população de inteligência própria, esse ponto será abordado com mais clareza nos próximos filmes da linha cronológica: “Ratatouille”, “Procurando Nemo” e “Up- Altas Aventuras”.

Em “Ratatouille” (2007), o rato Remy cria relações com um humano para poder realizar o sonho de ser um chef de cozinha. A humanização dos animais ainda não é completa, pois Remy precisa da ajuda de um humano para alcançar seu objetivo, ao contrário de outras animações em que humanos e animais se comportam como iguais. O vilão do longa, Skinner, simplesmente desaparece, levando o conspirador a acreditar que ele teria fugido e, de alguma forma, entrado em contato com o antagonista de “Up- Altas Aventuras” (2009), Charles Muntz. Muntz teria então idealizado os colares que expõem os pensamentos dos animais, para que estes pudessem ser apenas controlados, e não conseguissem se rebelar. Após a morte do antagonista de “Up”, os humanos sabiam do potencial dos animais e começaram a revolução industrial mencionada no filme.

Em “Procurando Nemo” (2003) os dois mundos começam a colidir. Temos animais que temem os humanos, que estão começando a se armar contra animais inteligentes. Em “Procurando Dory” (2016), que acontece um ano após a história de “Procurando Nemo”, nos é contado que Dory nasceu em cativeiro, por esse motivo, ela aprendeu a ler e é indiferente aos seres humanos. Entretanto para quase todos os animais retratados na animação, fugir para longe da humanidade é a única garantia de felicidade.

Do outro lado temos o conflito entre homens e as máquinas. Em “Os Incríveis” (2004), temos os super humanos, o filme é ambientado, aparentemente, em meados da década de 60 ou 70, mostra o vilão Sindrome, supostamente controlando máquinas para se vingar do herói, Sr. Incrível. Entretanto, segundo a teoria de Negroni, as máquinas estariam manipulando Síndrome para atingir o próprio objetivo, que é a destruição dos super-humanos. Temos nesse filme, o primeiro combate direto entre inteligência artificial e seres humanos. “Os Incríveis” seria, segundo o conspirador, uma introdução para o próximo filme na linha cronológica: “Toy Story”.

Analisando os filmes produzidos pela Pixar dentro da visão conspiratória proposta por Negroni, temos um contexto onde animais se rebelam contra os humanos porque eles estão poluindo a Terra e realizando experimentos, e temos máquinas com inteligência e personalidades próprias tomando o poder e manipulando os homens.

Ainda em “Os Incríveis”, Síndrome nos dá a resposta para como máquinas e objetos inanimados ganham vida e inteligência própria. A chamada “Energia de Ponto Zero”, que é a energia existente no vácuo, invisível e presente em comprimentos de onda eletromagnéticas, é uma resposta plausível a essa questão.

Em “Toy Story” (1995) vemos que os objetos ainda dependem e confiam nos seres humanos, sem eles, os brinquedos perdem a vida, como mostrado no filme. O cenário ainda não é de objetos tomando o controle, ou de homens dependendo totalmente das máquinas.

Esse cenário só é visto nas animações “Carros” e “Wall-E”. Em “Carros” (2006) não vemos nem animais nem humanos. Segundo Negroni, a Terra teria ficado inabitável para os seres humanos após a guerra entre animais e humanos, as máquinas, que saíram e defesa dos homens, ganharam a luta, levando os animais a extinção, e os humanos teriam sido levados para uma nave, fora do planeta. Por isso nem homens, nem animais aparecem em “Carros”, apesar das máquinas continuarem a viver normalmente nos países que já conhecemos.

O enredo de “Wall-E” (2008) passa 800 anos após os seres humanos terem deixado a Terra, agora inabitável, a bordo da nave Axiom. Nesse contexto os seres humanos são totalmente dependentes da tecnologia, e não fazem nada sozinhos. Depois que Wall-E liberta os humanos da Axiom, eles retornam à Terra já habitável, voltam a conviver em sociedade e reconstroem a sua história como humanidade com o auxílio do robô. Nos créditos finais do filme, vemos o sapato que continha a última planta do planeta, virar uma árvore.

O filme que segue na ordem cronológica de acordo com a teoria é “Vida de Inseto” (1998). Segundo Negroni, nenhum humano aparece em “Vida de Inseto” porque ainda existem poucos deles no planeta. O longa passa em um tempo entre a volta dos humanos, e a total colonização. Os insetos teriam se multiplicado mais rápido que outros seres, como os pássaros, que já aparecem no filme, colocando-o um tanto distante de “Wall-E” na linha temporal. Os animais em “Vida de Inseto” são totalmente humanizados, possuindo até mesmo centros comerciais. A animação, juntamente com “Carros” e “Carros 2” nem sequer cita a existência de humanos.

Segundo a teoria proposta por Jon Negroni, homens, máquinas e animais vivem em equilíbrio até surgir outra superespécie, os monstros. O mundo apresentado em “Monstros S.A” (2001) se passaria em um futuro muito longínquo na linha cronológica do planeta Terra. Para o autor, esses monstros poderiam ser animais modificados pela radiação, ou cruzamentos entre humanos e animais para manter a espécie. Na animação, temos uma grave crise de energia, por não existirem mais humanos, que para Negroni, são a fonte de energia das máquinas. Para solucionar esse problema, as máquinas criam um sistema de viagem no tempo, para voltarem a um passado onde humanos ainda existiam e captar energia. Esse processo é visto na empresa em que James Sullivan e Mike Wazowski trabalham. A Monstros S/A produz energia para a cidade de Monstrópolis captando o grito das crianças que são assustadas pelos monstros a noite. As portas usadas pelos funcionários da corporação, não são portas para um universo paralelo, mas sim portas que levam para o passado, onde a civilização humana era abundante, armazenando energia para evitar a extinção dos monstros.

A personagem mais relevante em “Monstros S.A.” é Boo, a criança que acaba passando para o mundo dos monstros. Ela cria um afeto tão grande pelo monstro Sully que fica obcecada em tentar encontrá-lo novamente, e para isso ela acha uma maneira de usar as portas para avançar e voltar no tempo. Segundo a teoria, a pequena Boo torna-se a Bruxa de Valente, voltando à Idade Média apenas para buscar mais magia do Fogo Fátuo, para continuar em sua busca interminável por Sullivan.

Para Negroni, “Divertida Mente” (2015) ajuda a confirmar a teoria. Na animação fica claro que as emoções tomam as decisões pelos seres humanos, e a mais poderosa é a Alegria, motivo pelo qual o riso é uma fonte de energia maior que o medo, conforme dito em “Monstros S.A”. Mas o personagem que concretiza a teoria de que a animação sobre monstros está sim, no futuro, é Bing Bong. O amigo imaginário de Riley, é na verdade o monstro que a fazia rir pela noite, para coletar energia. A mudança de susto para riso, mostra que os monstros passaram a ocupar um lugar especial na vida da criança, que passa a ter carinho por ele.

A Teoria Pixar nos mostra um universo bem maior do que o proposto apenas pelos filmes, entretanto, se tomarmos a teoria como algo real, a discussão passa a ser os motivos pelo qual a Pixar esconderia esse enredo dentro de suas produções.

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Por Carolini Déa, Fernanda Fachinni, Giancarlo Mazza, Juan Lamonatto, Matheus Ribeiro e Renata Colombo

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