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terça-feira, 17 de outubro de 2017

A relação entre o livro "1984" e a Coréia do Norte apresentada por Suki Kim




Capa do livro (Imagem ilustrativa,Editora Cia. Das Letras)

O livro “1984”, lançado em junho de 1949, é uma história que pode servir como uma “prévia” de George Orwell para mostrar como seria o mundo dominado nas condições do totalitarismo, cujo qual teve vários regimes em alta no início do século XX. Já estamos em 2017, e Orwell parece ter acertado em muitas coisas que previu. É verdade que grande parte de nosso mundo vive o neoliberalismo, no entanto, num país específico chamado Coréia do Norte, essa prévia de George Orwell parece ter se concretizado.
Como explicado no documentário “Great Books: 1984”, Orwell temia fortemente os regimes totalitários, em especial o comunismo, que tem seu líder, Josef Stalin como personagem em 1984, sendo ele o “Big Brother”. Uma das intenções do autor com a obra era exatamente mostrar ao mundo como seria a vida das pessoas num mundo dominado pelo totalitarismo e, assim, impedir que acontecesse. A Coreia do Norte é um país totalitarista que apresenta diversas semelhanças com o livro, a começar por seu primeiro líder, Kim Il-sung, conhecido e venerado até hoje como o “Grande Líder”. Curioso não? A semelhança da definição Grande Líder com a definição Grande Irmão em 1984 é muito perceptível. Mas não é apenas da coincidência de nomes que se sustenta a relação Coréia do Norte-1984. Assim como o “Grande Irmão”, Kim Il-sung é considerado um Deus na Coréia do Norte. Em ambos os casos não existe religião, ela não é permitida e, com o tempo, deixa de existir na cabeça das pessoas, restando apenas o Grande Irmão/Líder como o Deus ideal.
  No país asiático, conforme explicado pela jornalista Suki Kim, que esteve lá realizando um trabalho jornalístico disfarçada como professora de inglês, as pessoas vivem em vigilância constante, afim de manter a ordem no local. Ela conta que haviam pessoas que viviam em apartamentos ao lado do seu, a vigiando em sua casa. Já em 1984, por exemplo, temos o protagonista Winston sendo vigiado dentro de sua própria casa pelas tele-telas. Estes aparelhos tinham dupla função, passar a população os valores da sociedade regida pelo Grande Irmão e, simultaneamente, filmar o que elas faziam. Outra semelhança nessas sociedades é a reeducação das pessoas. Alguém flagrado cometendo algum tipo de “crime” ao estado, ou ao grande Líder/Irmão, está sujeito a tortura e diversos tipos de doutrinação que saem do nível da natureza humana.
Em ambas as sociedades apresentadas, podemos perceber a forte pregação de amor ao Líder e o forte ódio ao que é considerado oposição. Os líderes são venerados como deuses sem questionamento, mesmo após a sua morte e seus opositores são muito rechaçados, isso vem do fato de a organização desses Estados impor à sociedade a sua própria educação. Isso fica evidente no “minuto de ódio”(ironia ao minuto de silêncio) em 1984, no qual os cidadãos atacam opositores do Grande Irmão, ou nas canções e livros norte-coreanos que pregam ódio aos Estados Unidos e, provavelmente, à própria liberdade individual.
No meio de tantas semelhanças do livro de George Orwell e a Coréia do Norte, sem dúvidas a semelhança que mais importa é a maneira como as pessoas são “programadas” nesse contexto. Mesmo num mundo de extremo autoritarismo, as pessoas já nascem praticamente programadas para viver nesse sistema. Elas já têm uma vida preparada para elas, o que ajudará a manter o estado regente. Além disso, grande parte das pessoas não sente a necessidade de questionar o contexto em que vivem, exatamente pelo fato de o absurdo ter chegado a um ponto em que as pessoas acham normal viver no meio de tudo isso que foi apresentado durante o texto.
Por fim, pode-se concluir que Orwell teve um grande papel para evitar que o mundo inteiro vivesse num cenário idêntico ao que Suki Kim encontrou em sua viagem para a Coréia do Norte. O livro “1984” é uma aula para mostrar o quão errado é um sistema autoritário e os relatos da jornalista trabalham junto para comprovar que 1984 não é uma mera ficção.

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Por Giancarlo Mazza

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